pílulas do twitter

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    16 de ago. de 2005

    Simbora

    Então tá. Com vocês o novo Entrai pois aqui também há deuses:

    www.shirov.com.br/blog


    Não sou mal-agradecido, o blogger nunca me decepcionou, mas este novo sistema que utilizarei (wordpress), além de grátis, tem alguns pontos bastante interessantes que vocês poderão conferir no novo endereço. Nos vemos por lá!

    1 de ago. de 2005

    Mudança

    Em breve, este blog estará mudando de casa. Estou trabalhando num novo projeto que vai mudar bastante coisa, inclusive a hospedagem. Este projeto poderia se chamar Fênix: a tentativa de fazê-lo ressurgir das cinzas. Torçamos para que dê certo.

    25 de jul. de 2005

    Abre aspas

    Odeio quem me rouba a solidão sem em troca oferecer verdadeiramente companhia. (Nietzsche)

    15 de jul. de 2005

    Catatau



    Eis o que eu ganhei de presente de aniverário. De mim mesmo.

    Catatau é coisa para caramba. Catatau é um riverrun, como diria Joyce, um riverão, como diria Glauber. Enquanto hoje tanta gente fala, fala e não tem nada a dizer, Leminski foi lá e aplicou um belo golpe de karatê nas pretensões literárias da terra brasilis: escreveu uma obra pós-moderna que fala, fala e diz tanta coisa que ainda hoje não se decifrou todo esse caudal de conteúdo. Da missa, meus filhos, não se sabe ainda a metade. Mas Leminski (e agora, seus editores) fez a sua parte. Agora é com a gente. Agora é que são elas. [Webinsider]

    13 de jul. de 2005

    Tango passion

    Este é o título do cd de Richard Clayderman, que acompanha em seu pianinho as músicas clássicas deste ritmo. É o único cd dele que eu gosto: o tango, na minha opinião, é um dos ritmos musicais mais envolventes e emocionantes que existem.

    E um grupo de músicos resolveu revolucinar o estilo: criaram o chamado eletro-tango, releituras eletrônicas de clássicos de Carlos Gardel, Astor Piazzolla, Anibal Troilo e outras feras. A este projeto deu-se o nome de Gotan Project (nada a ver com o Batman, Gotan é tango com as sílabas invertidas). A tendência foi seguida por outra turma, Bajofondo TangoClub, que acabou por ganhar um Grammy Latino.

    O resultado só deve desagadar aos amantes dos clássicos, pois fica muito legal, e pode servir tanto para criar um clima mais intimista quanto um mais descontraído. Fica minha dica para que conheçam esses trabalhos mais modernos e também possam descobrir porque o tango es una passion.

    Gotan Project - La revancha del tango

    Bajofondo TangoClub - Supervielle

    5 de jun. de 2005

    Entre aspas

    "Depois que a Igreja Católica abandonou o latim ficaram aqueles padrecos vagabundos e chatos dizendo besteiras em português. Daí você entende que são uns idiotas. O latim ainda escondia isso. Mas se não fosse a religião o mundo tava fodido. Onde essas pessoas iriam botar suas frustrações? Seus anseios são os mais medíocres possíveis. Uma multidão de pessoas ficou na fila por até onze horas para passar pelo corpo do papa. Eu não sei o que isso significa, mas procuro não achar nada de coisa nenhuma porque o mundo é feito 90% de idiotas. Idiotas porque não tiveram educação, idiotas porque tiveram educação errada, idiotas porque tiveram educação demais."

    Millôr Fernandes, em entrevista para a Trip de maio.

    23 de mai. de 2005

    Senhor Piano

    Em 7 de abril, um jovem loiro entre 20 e 30 anos foi encontrado vagando por uma estrada à beira-mar na ilha de Kent, na Inglaterra. Ele usava um distinto terno e gravata, estava ensopado e andava com olhar fixo para frente, como se estivesse em transe. Tentaram falar com o cara, ofereceram ajuda, mas ele não respondia nada. Avisaram a polícia, que tirou o moço do caminho para lugar nenhum e levou-o ao hospital psiquiátrico.

    De novo, o cara bem vestidão não conseguia responder nem perguntas básicas do tipo quem ele era, de onde estava vindo, para onde estava indo. Nada.

    Ele não tinha documento e dinheiro algum e, veja isso, as etiquetas de suas roupas finas estavam arrancadas. Era impossível determinar onde ele tinha comprado as roupas.

    Dias depois, alguém teve a brilhante idéia de entregar lápis e papel para o homem em transe. Aí o cara fez um desenho profissional, técnico, detalhado de um... piano. Mais que depressa, levaram o, então, "Senhor Piano" para a sala onde tinha um. O cara viu o piano, sentou-se ao banquinho e tocou como se fosse o Beethoven reencarnado. O Senhor Piano tocava maravilhosamente bem, peças clássicas de Tchaikovsky. Beatles ele tocou!! Só faltou tocar "Paranoid Android", do Radiohead. Mas ainda assim não fala uma palavra. Até hoje.

    Acredita-se que o cara tem um trauma cabeludíssimo, que causou uma amnésia.

    No começo deste mês, a polícia inglesa passou a divulgar o retrato do Senhor Piano e percorreu escolas de música, conservatórios, visitou orquestras, falou com regentes. Nada.

    A polícia, até quarta desta semana, já tinha recebido mais de 500 ligações com informações "quentíssimas" sobre a identidade do moço. Do que foi investigado, nenhuma novidade apareceu.

    O mistério do Senhor Piano corre a Europa e já chegou à América do Norte. A última seria que um homem na Itália reconheceu o cara. Seria o saltimbanco francês Steven Villa Massone. No dia seguinte, o jornal inglês "The Independent" achou o verdadeiro Massone. E o caso "Senhor Piano" voltou à estaca zero.

    A suspeita mais bacana vem do Canadá. A de que o Senhor Piano poderia ser o Senhor Ninguém, um sujeito que apareceu nas ruas de Toronto há seis anos, com o nariz quebrado e dizendo não saber quem era. Tinha as mesmas características físicas do Senhor Piano. E, dias depois, desapareceu do hospital e nunca mais foi visto. A polícia canadense averigua o Senhor Piano junto com a inglesa.

    E a pergunta "Quem diabos é o Senhor Piano?" segue sem resposta.

    Pode ser mentira. Pode ser truque do cara. Mas adoro essas histórias.
    [extraído da Folha Online, de 20/05/05]

    Sabe por que gostamos de histórias como essa? Porque no fundo todos temos um pouco de Senhor Piano. Estamos perdidos e não fazemos questão de explicar de onde estamos vindo, ou pra onde estamos indo. Ou o que estamos fazendo, ou o porquê de querermos fazê-lo. Queremos e pronto, e pelo menos isso. No fundo, todos temos um pouco de Senhor Piano. Ou Senhor Ninguém...

    19 de abr. de 2005

    O macaco nu

    Segundo o Guia dos Curiosos - Língua Portuguesa, o filósofo francês René Descartes (1596-1650) afirmava que os macacos tinham a habilidade de falar, mas se mantinham em silêncio para não ser obrigados a trabalhar pelo homem.

    Então, segundo a lógica cartesiana, ser chamado de macaco equivaleria a um elogio, por toda esperteza desses bichos, que se mantêm calados para não se sujeitarem ao domínio do homem, ou, como classifica Desmond Morris, o macaco nu.

    5 de abr. de 2005

    Não é a seriedade

    "Em diferentes graus, todos os animais brincam, exploram, movimentam-se sem motivo aparente. Mas somente alguns conservam na idade adulta a capacidade juvenil de brincar, como certos pássaros (o corvo, por exemplo), os roedores, os carnívoros superiores, os primatas, e, evidentemente, o homem. Note-se que as espécies verdadeiramente capazes de brincar são também as mais 'cosmopolitas', que souberam se adaptar aos climas mais diversos e aumentaram, com isso, suas possibilidades de sobreviver.

    O que é correto em biologia não é menos correto no âmbito da sociedade e da cultura. Para sobreviver em determinado território, uma sociedade precisa de bastante obstinação, empenho, ordem e egoísmo - muita seriedade enfim. Mas essas qualidades (ou esses defeitos) não são suficientes para que se progrida. Não é a seriedade, mas a brincadeira, a curiosidade, a exploração gratuita - que constituem os fundamentos dos mitos, dos ritos da vida em sociedade e da própria ciência."

    Martine Mauriras-Bousquet
    Correio da Unesco, 07/1991.

    7 de mar. de 2005

    Sobre livros e pessoas

    Existem algumas semelhanças entre livros e pessoas.

    Há livros que compramos porque gostamos da arte gráfica e da qualidade do papel, mesmo sabendo que, evidentemente, o que importa é o texto.

    O texto pode ser inscrito de diversas formas: em pedra, papel, fita magnética ou no disco rígido do computador. O texto pode até sobreviver em tais formas. Ele é, em suma, a alma do livro.

    Da mesma forma, há pessoas que seduzem pelo esplendor da capa, pela elegância da impressão, e o texto não condiz com tudo isso. Existem romances ruins que são bem encadernados. Outros, ao contrário, tiveram azar com o editor, mal os notamos e então somos surpreendidos pela qualidade do texto, a originalidade da trama, o vigor das metáforas e a excelência de seu conteúdo.

    26 de fev. de 2005

    Contos da TXT Magazine - parte VI

    Wasted Life
    de Gustavo Castro

    A verdade era essa: não sabia muito bem como se encaixava ali.

    Na verdade nunca se ajustara a nada, nenhum lugar parecia familiar, nenhuma casa parecia a sua casa. Fez tudo um pouco mais tarde do que a maioria, se apaixonara muitas vezes mas só beijara pela primeira vez aos 16, vésperas dos 17. Nunca teve uma namorada séria, apenas casos ao acaso, nunca acreditou em relacionamentos, afinal eles sempre acabam nem que seja pela morte.

    Sempre estudou, não sabia bem por que mas estudava. Tudo era muito monótono, a mesma repetição de velhas formas e fórmulas passadas do mesmo modo antigo por gerações e gerações. A única vez que realmente teve um objetivo foi durante a época do vestibular. Acreditava que a partir dali sua vida ia mudar. Estudou e passou em um dos cursos mais concorridos da UnB, Direito, 20 vagas para 1789 candidatos. Era um exemplo a ser seguido, "aquele ali vai vencer na vida", diziam os amigos entre si.

    Na faculdade nunca se interessou pelas brincadeiras de seus amigos. Nunca usou drogas, apesar de dezenas de vezes terem lhe oferecido um "fininho, só pra relaxar". Bebia pouco, só em festas e mesmo assim sempre se mantinha sóbrio para ajudar os amigos que caiam de cara no chão.

    Conseguiu um bom emprego após a faculdade, conseguiu se sustentar e aos poucos montava um patrimônio, primeiro um apartamento no sudoeste, nada muito grande mas finalmente algo só seu, depois um gol zero e assim se mantinha. Depois de um tempo achou que era hora de constituir uma família. Casou-se e teve dois filhos.

    Era um prodígio, 32 anos e já havia alcançado tudo o que desejara. Os colegas no emprego o invejavam, "ele sim é um homem feliz", mas mesmo assim não conseguia se encaixar. Os poucos momentos de tranqüilidade era quando ligava o seu aparelho de som e deixava a sua preciosa coleção de CDs (tinha alguns LPs mas sua vitrola havia quebrado a muito tempo) rodando na bandeja de seu estéreo. Ali sim se sentia em paz. Provavelmente porque não pensava em absolutamente nada durante aqueles preciosos 40 minutos de cada disco.

    Um dia não apareceu no trabalho, nem no dia seguinte. Ligaram para a sua casa e ninguém atendia, sua mulher e filhos tinham viajado para a casa da avó em minas. Os colegas ficaram preocupados e foram a sua casa, batiam na porta e não havia resposta. Perguntaram ao vizinho:

    "Tem alguém em casa?"
    "Não sei, a dias não vejo ninguém, mas de noite ouço alguns barulhos na casa."
    "Alguém tem a chave?"
    "Não, o sindico perdeu a cópia em algum lugar."
    "Que barulho é esse?"
    "Não sei, parece uma música mas está tocando há dias."

    Arrombaram a porta e o som ficou mais forte, parecia vir do escritório.

    Abriram a porta e o viram jogado na cadeira, com uma agulha em seu braço e um pequeno saco de heroína em cima da mesa. O som tocava "...hey babe, take a walk on the wild side/ hey honey, take a walk on the wild side..."

    1 de fev. de 2005

    Um haikai-réplica

    essa vida é uma viagem
    pena eu estar
    só de passagem
    (Leminski)

    numa viagem só de ida
    a pior parte
    é a despedida
    (Rodolfo)

    18 de jan. de 2005

    O papa é pop

    (publicado originalmente no Sequelados)

    Quando eu era adolescente (hoje eu sou pós-adolescente), uma certa banda chamada Engenheiros do Hawaii fazia muito sucesso cantando uma música chamada "O papa é pop". Corruptela da palavra popular, a definição de pop ultimamente passou ter um novo significado além de popular como sendo uma coisa "do povo". Não pretendo discutir essa nova definição aqui, mas apenas se ela se aplica a esse nosso personagem e quais suas consequências.

    Diziam os Engenheiros: o papa levou um tiro à queima-roupa / o pop não poupa ninguém. Sou obrigado a concordar: em geral, pessoas que têm um forte apelo popular são freqüentemente alvos de atentados, como o ocorrido de 1981, citado na música; dessa forma, equipara-se a personalidades do quilate de John Lennon, John Kennedy, Fidel Castro ou Ronald Reagan. Recentemente ouvi a notícia de que a Ferrari está construindo um modelo de um F1 especialmente para o papa. Ele merece. Assim como várias outras celebridades em todo o mundo, que tiveram Ferraris construídas sob medida para atender às suas mais extravagantes exigências, o sumo pontíficie também terá a sua dentro em breve, e assim poderá encostar o papa-móvel por um tempo, e algumas voltas cheio de estilo pela cidade do Vaticano. Alguém aí discorda dos Engenheiros? Acho muito difícil.

    Mas e daí que o papa é pop, isso não é ser cool? Nem tanto. O papa, por ser o líder espiritual de mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, se acha no direito de ditar algumas normas de conduta (baseadas na fé, ou especulação, chame do que quiser), das quais a que mais chama a atenção é a condenação do sexo praticado por prazer. Como já não bastasse condenar o sexo fora do casamento, este é condenado também dentro dele (a não ser que seja para fins de reprodução). Sendo assim, só a propagação da espécie confere dignidade ao ato sexual. Ou seja, para o papa, ou somos todos meros reprodutores (na acepção bovina da palavra) ou reles pecadores, que merecem, na melhor das hipóteses, execrar seus pecados no sofrimento do purgatório. E também é por esta razão que a igreja católica é totalmente contra a utilização dos métodos anticoncepcionais.

    O papa, ao relacionar o sexo com a procriação, confunde sexualidade e genitalidade, coisa imperdoável até para um estudante de psicologia. Ao mesmo tempo, condena à penúria sexual as mulheres em menopausa, bem como seus desconsolados cônjuges. Paralelamente, nega a sexualidade infantil e a importância primordial do prazer para o equilíbrio da mente da criança. Esta, através do princípio do prazer, atém-se dia e noite às fantasias eróticas e, com isto, tenta vencer o trauma (a quebra do equilíbrio homeostático do ventre materno) causado pelo nascimento. O prazer nos livra da loucura.

    Mas, infelizmente, o papa é pop. Amém!

    Shirov, 24, nunca vai ter uma Ferrari e desconfia profundamente das personalidades do mundo pop.

    14 de jan. de 2005

    Serviço de utilidade pública

    O encontro de duas das maiores bandas do Brasil, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, acontece em razão da série Disco de Ouro do Sesc. O projeto apresenta o resultado de uma pesquisa feita entre 12 críticos musicais sobre quais seriam os dez grandes álbuns da música brasileira. Os seis discos mais votados serão apresentados, em arranjos de grandes nomes da atualidade, com as músicas na ordem em que constam na gravação original. os ingressos para sexta e sábado estão esgotados, mas ainda há lugares para a apresentação de domingo.

    Quem abre a série é Da Lama ao Caos, dos pernambucanos da Chico Science & Nação Zumbi. O álbum, de 1994, será completamente recriado no palco pela orquestra, uma parceria do próprio grupo com o Mundo Livre S/A, liderado por Fred 04.

    Local: Sesc Pompéia
    Dias 14 e 15 (21 hs.) e 16 (18 hs.)

    8 de jan. de 2005

    The king is dead. Long live to king.

    (Sampleado de um antigo post do Hiro)

    Hoje, se estivesse vivo, Elvis Presley completaria 70 anos. Há 25 anos o rei mudou de palco. Reza a lenda de que no final de sua vida ele além de estar gordo e balofo por causa das drogas e remédios ele ainda tinha um distúrbio alimentar sério, não conseguia parar de comer. Na calada da noite fugia de sua mansão em Graceland e se refugiava em um pequeno restaurante nas redondezas. Como ele já estava bem "deformado" por causa da sua gula compulsiva, não era reconhecido pelos fãs, além disso a improbabilidade do rei estar comendo em uma lanchonete o tornava ainda mais imperceptível. Sentava em uma mesa no canto e se fartava de hamburgueres e outros pratos até vomitar ou desmaiar de tanto comer. Apenas o dono do estabelecimento sabia do fato e não contava a ninguém, afinal ele era um otimo cliente. Certa noite, houve um concurso de imitadores de Elvis no restaurante. Os candidatos e sósias subiam no palco vestidos e trajados como o rei então faziam seu show, aquele que fosse mais fiel ganharia o trouféu. Eram gordos, magros, altos, baixinhos, negros, asiáticos e gente de todo o tipo. Lá pelo décimo candidato o verdadeiro Elvis largou o prato, se levantou e resolveu subir no palco para concorrer. Tirou terceiro lugar.

    31 de dez. de 2004

    Depois de nós

    Hoje os ventos do destino
    começaram a soprar
    nosso tempo de menino
    foi ficando prá trás

    Com a força de um moinho
    que trabalha devagar
    vai buscar o teu caminho
    nunca olha para trás

    Hoje o tempo voa
    nas asas de um avião
    sobrevoa os campos da destruição
    é um mensageiro das almas
    dos que virão
    ao mundo
    depois de nós


    (Carlos Maltz)

    Um ano com muita novidade para todos que aqui adentram. Saúde!

    9 de dez. de 2004

    Voem juntos... mas nunca amarrados

    Conta uma velha lenda dos índios Sioux que, uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas na tenda do velho feiticeiro da tribo e falaram: "nós nos amamos e vamos nos casar. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã. Alguma coisa que garanta que poderemos ficar sempre juntos. Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até a morte".

    O velho feiticeiro, ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse: "há uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao Norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono, onde encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la, trazendo-a viva".

    Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu que, com cuidado, tirassem-nas dos sacos, e viu que eram belos exemplares...

    "E agora o que faremos?" perguntou o jovem, "nós as matamos e depois beberemos à honra de seu sangue? Ou cozinhamos e depois comemos o valor de sua carne?" propôs o jovem. "Não!" disse pó feiticeiro. "Apanhem as aves e amarrem entre si pelas patas, com estas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres..."

    O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros... A águia e o falcão tentaram alçar vôo, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade de voar, as aves jogavam-se uma contra a outra, bicandos-e até se machucar.

    E o velho disse: "jamais esqueçam o que estão vendo... Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão... Se estiverem amarrados, um ao outro, ainda que por amor, viverão arrastando-se e, cedo ou tarde, começarão a machucar-se mutuamente. Se quiserem que o amor entre vocês perdure... voem juntos... mas nunca amarrados".

    29 de nov. de 2004

    Filmes: indicações e contra-indicações

    Pode ir abrindo o saquinho de pipoca. A partir de agora, farei breves (brevíssimos!) comentários sobre os filmes que tenho assistido. E você poderá concordar, ou não. Poderá servir como recomendação, ou não. Como contra-indicação, ou não. Eis a legenda:

    Assistiria muitas vezes mais
    Assistiria mais uma vez
    Vale a pena assistir
    Veja se não tiver outra opção
    Não recomendo mesmo


    O Terminal
    Claro que nunca aconteceria na vida real, mas vale pela situação inusitada. Tom Hanks colabora pra situação ficar mais divertida ainda.


    Minority Report
    Ficção científica com graves falhas... científicas! Mas uma boa trama.

    (sem nota)
    Albergue espanhol
    Cochilei durante o fime. Não prendeu minha atenção, só isso. O começo, se vale a opinião, achei muito banal.


    Dogville
    Ótimo. Quando você acaba de assisti-lo, sua cabeça fervilha buscando por interpretações sobre o filme.


    Shrek 2
    Engraçadinho, mas não chegou nem aos pés do primeiro.


    Farenheit 9/11
    Esmiuça fatos sobre a vida de Bush. Coisa que todo mundo já sabe há muito tempo, com exceção da maioria dos americanos.


    Prenda-me se for capaz
    Esperava mais. Poderia se melhor explorado. Vale a pena se considerarmos que é baseado em fatos reais.


    Carandiru
    Muito tendencioso. Tenta chocar o espectador e dá uma visão bastante parcial dos fatos.


    Anti-herói americano
    Vale pela construção da narrativa e pela própria história de vida de Harvey Pekar. Não sabe quem é? Veja o filme!

    24 de nov. de 2004

    Grandes momentos agnósticos @ Orkut

    Quem acompanha este blog há um tempo já deve ter se deparado com alguns posts intituados Grandes momentos agnósticos: citações que versam sobre questões sem resposta e que fogem ao nosso entendimento.

    Andando à procura de alguma comunidade brasileira sobre o agnosticismo no Orkut, não consegui encontrar nada, e criei minha primeira (e talvez única) comunidade lá: 100% agnósticos. O nome foi inspirado em um banner que meu amigo k1 fez para nosso blog coletivo Soltaosom. Sua descrição:

    Ser agnóstico significa admitir apenas que não se sabe nada sobre dimensões sobrenaturais no Universo, e que o mais provável é que seja impossível superar essa ignorância.

    Fico chateado ao ver comunidades do tipo "Eu odeio..." reunindo pessoas unicamente porque têm algum ódio em comum.

    Meu intuito é que essa comunidade não odeie ninguém (nem mesmo o mais fervoroso religioso), muito menos responda alguma pergunta, mas apenas sirva de espaço para refletir sobre a vastidão do mundo e nossa impotência.

    Assim, fica o convite para quem quiser compartilhar das discussões dessa comunidade, que ora está engatinhando: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=793354

    17 de nov. de 2004

    Por que se escreve?

    Colocando de lado a necessidade de ganhar a vida, acho que existem quatro grandes motivos para uma pessoa escrever:
    1 - Puro egoísmo.
    2 - Entusiasmo estético.
    3 - Impulso histórico.
    4 - Propósito político.

    (George Orwell, autor de 1984)

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